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Arte Atualidade

Papa, "o amor nasceu homossexual!" e "existe amor em Maringá!"

Li por aí que movimentos radicais, reacionários e, acima de tudo homofóbicos têm se preocupado em marchar contra a comunidade homossexual. Tudo isso com a, bem-vinda, ajuda do Papa Bento XVI, que declarou por esses dias que “o casamento homossexual ameaça o futuro da humanidade” e, também condenou a adoção de crianças por homossexuais (é mais cristão deixar morrer na rua).

Não faltou também uma inesperada mobilização de franceses, que conseguiram reunir 800 mil pessoas para impedir que um projeto sobre a união homossexual fosse votado na França!

Aqui mesmo no Paraná, mais especificamente em Curitiba e Maringá (que não poderiam ficar atrás da França socialista), tivemos manifestações de grupos da TFP (a sigla já diz tudo!), com direito a “posteriores” agressões físicas.

Os episódios recentes me fizeram pensar em qual seria o problema das pessoas que aderem a tais “bandeiras”. Que tipo de “vontade” move pessoas, ainda hoje,  a ver na homossexualidade algum tipo de ameaça? Não consegui chegar a nenhuma conclusão clara, lógico.

Hoje, lendo aleatoriamente trechos de um livro velho, comprado num sebo há alguns anos, me deparei com o seguinte texto, que julguei muito oportuno para uma reflexão sobre o que estamos vivenciando. O texto é  de 1975, mas parece tão infelizmente atual !!!
O Amor Simétrico

(…)

Mesmo depois que o condicionamento social nos castrou a imaginação, nós adivinhamos confusamente que ganharíamos se nascêssemos num mundo evolutivo, onde seríamos sexuados de maneira provisória, flexível, facultativa. A aptidão que nós teríamos em migrar de um sexo a outro aumentaria nossa utilidade ao mesmo tempo que o nosso prazer.

Alguns entre nós sentem com mais acuidade do que os outros a falta que é cometida por uma civilização que nega tais direitos de opção e de troca. Seu protesto não é fantástico, porque a manifestação da consciência deu aos humanos o poder de realizar feitos poéticos, que o conservadorismo da matéria, entregue à ela mesma, lhes teria privado. São as coletividades sociais que editando normas retardadoras, estabeleceram um novo fixismo.

Paradoxalmente, os desviados se tornaram então objetos de escândalo, eles que haviam criado a espécie! Hoje em dia ainda, a mediocridade dominante teme acima de tudo a exceção que diferencia o comportamento dos homens, os torna menos disciplinados e menos cinzentos. A autoridade coloca os indivíduos suspeitos de uma diferença fora da situação de contribuir aos costumes a vir, isto é, em suma, os impede de realizar as funções de mutação que lhes conferem um interesse.

Da resistência a esta pressão depende a nossa originalidade entre os outros animais deste planeta. Assim, ao mesmo título de todos os dissidentes que recusam uma ordem redutora e uma banalidade imposta, o homossexualismo preserva as chances de aparecimento de uma “nova consciência”. Ele representa – sem que seus mensageiros o saibam, muitas vezes – uma amostra das liberdades ainda inconcebíveis para a grande maioria, uma experiência de autodeterminação efervescente e prematura neste mundo em que as estruturas nos predestinam e cujo destino nos escapa.

O amor, o amor ele mesmo, esta perspicaz e recente esperança de encontrar um semelhante além dos hábitos que separam os seres, é uma invenção de rebeldes. A passagem da sexualidade bestial à sexualidade abstrata, que nós designamos com o nome de amor, não pôde em nenhum lugar se realizar no respeito dos instintos e das práticas majoritárias. O amor nasceu homossexual. (…)

(…) Soberanamente desprovido das obrigações costumeiras, de sogros e de fé jurada, sem garantia nenhuma, travestido, maldito, queimado, cercado de solidão, o homossexualismo não é um bom negócio para um pai de família. A maioria continuará preferindo ainda a falta de curiosidade pretensiosa, as falsas privações, a prudência, a eternidade.  (…)

ARSAN, Emmanuelle. A Hipótese de Eros, 1975.  p. 112
Tradução:  Clarice Lispector

Se, como defende a autora do texto citado, a resistência a tais movimentos depende da criatividade daqueles que não aceitam a moral da velha consciência, podemos afirmar que –  pelo menos em Maringá – existe amor e  a “revolta homofóbica”  teve uma resposta da comunidade LGBT, que organizou o “Beijaço”, protesto criativamente ilustrado na arte da maringaense Elisa Riemer.


Costumes

Masturbação:culpas, pecados e blá blá blá

Tão antiga quanto a própria humanidade, a masturbação é praticada pela maioria dos homens e das mulheres durante grande parte de suas vidas.

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Considerando alguns pedidos; o fato de que ainda não havia falado sobre este tema (diretamente), e, ainda, o excelente material  que descobri sobre o assunto, resolvi transcrever os itens mais relevantes de um livro que chegou em minhas mãos recentemente – AMAR: A realidade sobre a vida sexual. Editora Abril. 1977 –  devido a data da publicação vou intercalar os estudos apresentados pelo livro (que estarão em itálico) com algumas impressoes e observações que tive ao pesquisar sobre o tema na Internet, acho que pode dar um diálogo legal. Aceito sugestões para o próximo post que será continuação do tema.

Masturbação

A palavra masturbação- citada pela primeira vez pelo poeta Marcial, no século I d.C – tem conotação acentuadamente negativa, pois deriva de “manu” e “strupare”, que significa “sujar com as mãos”.

A maioria das pessoas sente-se envergonhada e culpada por se entregar à masturbação. Alem disso, há o receio infundado de que esse ato solitário provoque toda sorte de distúrbios físicos e mentais.

E, mesmo com as inúmeras confissoes que temos hoje na Internet, observa-se um grande número de questões e dúvidas sobre o ato, encontrei vários fóruns discutindo se masturbação é pecado ou não. Mas porque esse tipo de discussão ainda hoje?

O sentimento de culpa decorrente da masturbação tem várias fontes. Uma das principais é de ordem moral e se baseia, sobretudo, na tradição judaíco-crista. Essa tradição religiosa, que influenciou todo o pensamento ocidental, sempre se posicionou contra a masturbação.
Toda sorte de discursos se ocuparam do tema, tornando a masturbação uma prática a se evitar.  Por trás dessa idéia está a crença religiosa de que o sexo só deve servir para a procriação, logo, masturbar-se levaria a um ato pecaminoso e desnecessário voltado apenas para o prazer físico.

Além de se sentirem culpadas, as pessoas que se masturbam, em sua maioria, sofrem com a idéia de que esse hábito prejudica a saúde. As consequências dessa ansiedade se manifestam, em maior ou menor grau, tanto em crianças como em adolescentes e adultos. Forçados a enfrentar o problema, pais e educadores muitas vezes não sabem como abordá-lo, tolhidos por preconceitos ou pela falta de informações.

Além do sentimento de culpa, há outras razões que podem levar uma pessoa a evitar a masturbação, ou, pelo menos, a praticá-la com menos frequência. Muitas mulheres, por exemplo, recusam-se a adotar esse hábito por sentirem-se diminuídas ao obterem um orgasmo exclusivamente pela estimulação do clitóris. Essa preocupação aponta para uma acentuada pressao cultural que diz que o orgasmo verdadeiro é aquele obtido na relação sexual com o parceiro, o orgasmo solitário não é saudável, a mulher que se masturba não é capaz de se satisfazer com o parceiro, etc…

No entanto, muitas pesquisas já indicaram não haver qualquer relação significativa entre a frequência de masturbações e o número de coitos praicados pelas mulheres entrevistadas; ou seja, o fato de elas se masturbarem não diminui seu interesse pela atividade sexual.

A Masturbação é prejudicial?

Segundo o ponto de vista médico atual, não há relação entre a masturbação e as doenças de qualquer espécie. Portanto, muitas das preocupações e medos  – manifestados como: o fato da masturbação impedir a gravidez, fazer crescer mamas nos homens, prejudicar a relação sexual com o marido, provocar um desenvolvimento exagerado da vulva ou diminuição do pênis – são totalmente infundadas. Mas a força das crenças populares e de mitos criados pela própria medicina alimentaram grande número desses medos que aparecem na fala de diferentes sujeitos até hoje.

Até o ínicio do século XX, muitos médicos acreditavam que essa atividade “enfraquecia” as pessoas, provocava doenças e até produzia insanidade mental se praticada em excesso. Essa crença se originou, aparentemente,  da observação de doentes mentais que se masturbavam nos manicômios. Os médicos da época não se deram conta de que aqueles pacientes, por estarem internados, não tinham outras alternativas para aliviar sua tensão sexual, a nao ser por meio da masturbação. Contudo, as observações médicas levaram à conclusão de que tinha sido ela a causa da demência daqueles pacientes. Tratados médicos do século passados continham descrições minuciosas de outras “horrorosas consequências” supostamente provocadas pela masturbação: tuberculose, verrugas e pêlos nas mãos, acne, perturbações digestivas, esterilidade, cegueira, crianças defeituosas, dores de cabeça, prblemas nos seios, anomalias genitais, doenças renais e outros distúrbios.

Para encerrar essa discussão inicial, observe a imagem do famoso quadro Philippe Pinel e as Loucas, de T.R.Fleury, Paris.

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Quais seriam os novos conceitos sobre a masturbação? continua no próximo post.

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